A pediculose é uma infestação causada por piolhos. A mais vulgar é a pediculose do couro cabeludo, no entanto, esta também pode surgir no corpo, nas sobrancelhas, nas pestanas, nos pêlos das axilas ou nos pêlos púbicos. Quem é afetado por este parasita procura saber o que aconteceu para ser alvo desta infestação e como se transmitem os piolhos. Leia este nosso artigo e saberá tudo sobre o assunto!
Como se transmitem os piolhos: tipos distintos de piolhos
Podemos dividir as pediculoses de acordo com as áreas do corpo afetadas. Assim, temos os piolhos do couro cabeludo, do corpo e da zona púbica.
Piolho do couro cabeludo
O Pediculus humanus capitis é o piolho mais comum entre os vários tipos de piolhos. Fixa-se aos cabelos humanos, junto ao couro cabeludo, especialmente nas regiões atrás das orelhas e da nuca. Logo, este piolho predomina nas zonas onde as condições de temperatura e humidade lhe são favoráveis. Caracteriza-se por ser um pequeno inseto achatado de 2 a 4mm, sem asas e com 6 patas.
Piolho corporal
Em primeiro lugar, é importante referir que na atualidade o Pediculus humanus humanus é pouco frequente, exceto em meios sócio económicos muitos baixos em que as condições higieno-sanitárias são deficitárias. Habitualmente, encontra-se na roupa (onde passa a maior parte da sua vida). Como se transmitem os piolhos do corpo? Normalmente este parasita infeta os humanos a partir do tecido e apenas quando necessita de se alimentar do seu sangue. O diagnóstico é feito pela demonstração do piolho e lêndeas nas roupas, principalmente nas costuras. Assim sendo, o tratamento inicial consiste sempre na limpeza (lavagem e secagem da roupa a 65ºC) e troca completa das roupas.
Piolho pubiano
O Pthirus pubis – conhecido vulgarmente por “chato”, distingue-se dos anteriores por ser de menor dimensão do que os anteriores, e ter um corpo mais largo do que a sua cabeça. Assim, este piolho tem o seu habitat natural nos pêlos da região genital de indivíduos de ambos os sexos. Por isso, é considerada uma Doença Sexualmente Transmissível. Além disso, este parasita pode viver também nos pêlos das axilas, barba, pestanas, coxas, nádegas e parte inferior do abdómen. O tratamento é feito com pediculicidas, com exceção dos piolhos das pestanas e sobrancelhas, que se erradicam com vaselina ou através de remoção mecânica com pinça.
Piolhos do couro cabeludo – como são transmitidos os piolhos
Sendo estes os parasitas mais comuns e os que mais preocupam habitualmente os pais das crianças afetadas, iremos dar-lhe a conhecer tudo o que deve saber para que possa eliminar os piolhos mais facilmente!
Ciclo de vida do piolho do couro cabeludo
O piolho adulto vive em média 30 dias. As fêmeas adultas depositam por dia cerca de 8 a 10 ovos (lêndeas) brilhantes, esbranquiçados e com cerca de 1 mm, na raiz do couro cabeludo, Assim, este local é para eles considerado a zona de eleição, pois as condições de calor e humidade são mais favoráveis à incubação. Portanto, depois da incubação, ao fim de 1 semana cada lêndea dará origem a um novo piolho (ninfa), que em cerca de 14 dias será um piolho adulto. Logo, este estará novamente pronto a reproduzir-se, isto é, a dar origem a novas lêndeas.
Contudo, fora do couro cabeludo do ser humano as ninfas e os piolhos adultos conseguem sobreviver apenas 1 a 2 dias. Por outro lado, sabe-se que, se submergidos em água com detergentes a sua sobrevivência será somente de 30 minutos. As lêndeas podem sobreviver até 3 dias fora do hospedeiro. No entanto, como requerem altas temperaturas para darem origem a um novo piolho, usualmente, não constituem fonte de infestação fora do hospedeiro.
Quando se considera que há uma infestação de piolhos?
Considera-se que existe uma infestação por piolhos, ou seja, uma pediculose, quando um individuo é parasitado por pelo menos 10 piolhos adultos vivos. Logo, a presença de lêndeas apenas não é considerada infestação ativa, mas se não ocorrerem medidas para a sua eliminação a pediculose irá surgir!
Como se transmitem os piolhos?
O contágio faz-se por contacto direto de cabelo parasitado para outro cabelo! Em primeiro lugar, ao contrário do que é muitas vezes referido, os piolhos não saltam, nem voam. Contudo, conseguem percorrer até 23 cm/minuto nas condições ideais. Por outro lado, a transmissão de piolhos também se pode fazer indiretamente, mas muito mais dificilmente. Portanto esta pode acontecer através do contacto com objetos contaminados, como pentes, escovas do cabelo, chapéus, almofadas ou lençóis.
Os piolhos podem ser transmitidos através dos animais?
Os animais não são fonte de contágio do piolho da cabeça, uma vez que, é uma uma parasitose exclusivamente humana.
São os piolhos muito prevalentes e de fácil transmissão?
A pediculose pode ocorrer em qualquer indivíduo, não importa: idade, raça ou estrato social. E, em cabelos limpos ou sujos, aliás, ao contrário do que se pensa, esta parasitose não está relacionada com a falta de higiene. No entanto, é mais frequente em grupos de indivíduos onde ocorram mais contactos capilares e partilha de objetos, como é o caso de:
- crianças entre os 3 e os 12 anos, com maior prevalência nas meninas;
- agregados familiares com crianças entre os 3 e os 12 anos e/ou numerosos;
- lares de idosos.
Por outro lado, alguns autores referem haver um risco ligeiramente aumentado de infestação em:
- crianças com condições socioeconómicas mais baixas – influenciado sobretudo pela dificuldade de aquisição de tratamento adequado e não pela falta de higiene;
- indivíduos com cabelos compridos – devido à maior dificuldade de diagnóstico e pelo facto do tratamento ser mais difícil;
- indivíduos com cabelo castanho – maior dificuldade em detetar os piolhos devido à sua cor ser muito semelhante à do cabelo.
Quais os sintomas da pediculose?
A pediculose pode ser assintomática, mas usualmente, manifesta-se por comichão nas regiões atrás das orelhas e nuca do couro cabeludo, regra geral, entre a 1ª e 4ª semana após a infestação, pois, o piolho ao alimentar-se de pequenas quantidades de sangue humano através das picadas que faz no couro cabeludo liberta saliva que tem como função evitar a coagulação do sangue, permitindo a alimentação do piolho. É esta saliva que é a responsável pela comichão existente no couro cabeludo.
Como se pode complicar a infestação por piolhos?
A principal complicação que pode surgir são as feridas ou lesões no couro cabeludo que resultam do facto do indivíduo coçar a cabeça devido à comichão, estas podem levar a infeções bacterianas secundárias, pois o piolho em si não funciona como vetor de nenhuma infeção.
Agora que já sabe tudo sobre pediculose e como se transmitem os piolhos, se necessitar de saber quais os produtos mais indicados e como a prevenir e eliminação consulte a nossa equipa e leia sobre como eliminar os piolhos. Estaremos disponíveis para responder às suas dúvidas através dos canais digitais e na nossa Farmácia em Gondomar!
Fontes:
- Cummings C, Finlay JC, MacDonald NE. Head lice infestations: A clinical update. Paediatr Child Health. 2018 Feb; 23(1): e18-e24.
- Escudero Hernando N. Pediculosis: control y tratamento desde la farmácia comunitária. El Farmacéutico. 2018; (565): 26-8.
- Feldmeier H. Treatment of pediculosis capitis: a critical appraisal of the current literature. Am J Clin Dermatol. 2014 Oct; 15(5): 401-12.
- Gomez Glez del Tánago P, Vallejo Hdez R, Rosa Glez ME, Ortega Polar E, Panadero Carlavilla FJ. Pediculosis. Panorama Actual Med. 2019; 43(424): 630-4.
- Meister L, Ochsendorf F. Head Lice. Dtsch Arztebl Int. 2016 Nov 11; 113(45): 763-772.
- Devore CD, Schutze GE; Council on School Health and Committee on Infectious Diseases, American Academy of Pediatrics. Head lice. Pediatrics. 2015 May; 135(5): e1355-65.
- MSD: Infestação de piolhos. Acessível em https://www.msdmanuals.com/pt [acedido em 26 de agosto de 2019].
- Grupo Português de Dermatologia Pediátrica/Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia: Pediculose do couro cabeludo.